A política agrária do Brasil, ao longo de sua história,
sempre esteve voltada ao benefício dos grandes latifundiários. Nesse sentido, a Igreja entra em
confronto com o Estado, pois ela promove uma mobilização social que vai no sentido contrário
aos interesses das forças políticas dominantes.
Portanto, a origem do conflito entre a Igreja Católica e o governo militar está inserido no
contexto da atuação e da influência ativa dos católicos junto às comunidades periféricas e rurais
na luta pela transformação político-social do Brasil. A hierarquia católica que apoiou a deposição
de João Goulart, ainda não que por unanimidade passa a enfrentar sérios problemas em suas
relações com os militares, principalmente após o Concílio do Vaticano II e a Declaração de
Medellín, quando a Igreja consolida sua posição de conscientização e engajamento político com a
transformação da sociedade.
Por diversos acontecimentos 1968 se tornou um marco nas relações entre os
católicos e o regime ditatorial.
No âmbito da política nacional, 1968, assistiu ao crescimento das manifestações e
protestos populares contra o regime, o povo que se mobilizava era duramente reprimido pelo
policiamento nas ruas. Diante dessa crescente crítica e instabilidade política, a chamada “linha
dura” do governo reagiu por meio do “golpe dentro do golpe”. O ato Instituicional nº 05,
começou a vigorar a partir de 13 de dezembro daquele ano. A Declaração do AI-5 deu aos
militares o poder de fechar o Congresso e Assembléias Legislativas, cassar cargos políticos,
revogar a Constituição entre outros poderes de caráter antidemocrático.
Muitos agentes pastorais, padre e religiosos que atuavam no campo ou nas cidades, seja
pelo programa do MEB, na formação e orientação das comunidades eclesiais de base ou na
organização dos sindicatos rurais, acabaram sendo presos, perseguidos e torturados pelos
militares, grande parte do material didático utilizado pelos católicos foi apreendido nesse
contexto.
Um caso relevante aconteceu na pequena cidade de Santa Teresinha, um distrito do
município de Luciara. Em 1972, uma empresa particular comprou uma área que incluía uma parte
urbana e povoada da cidade. Para efetivar a posse das terras a empresa contou com seguranças
armados e reprimiu arduamente quem tentasse interromper. O padre Jentel tentou impedir a posse
das terras e a destruição das casas da população, mobilizou os trabalhadores da região, entretanto,
não conseguiu êxito. Entre as moradias destruídas estava um ambulatório, que havia sido
construído mediante um mutirão organizado pelo religioso.
Devido à atitude revoltada do padre Jentel e sua tentativa de incentivar uma mobilização
popular, o sacerdote acabou sendo processado por incentivo da desordem, sendo preso e
condenado a 10 anos de reclusão por uma auditoria militar do antigo Estado de Mato Grosso. Em
1973, o padre estava preso no quartel da Polícia Militar de Campo Grande.
Seis dias após sua libertação o padre viajou para França: “Jentel teria sido
solto graças a um acordo entre as autoridades militares brasileiras (isto é o governo), a
Nunciatura e a Embaixada da França. Assim ele seria absolvido (como foi, por unanimidade) e
Page viajaria imediatamente para França (como viajou).” (CASTRO, 1984, p. 101).
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Jentel pra mim foi + que um padre, foi um guerreiro !!!
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