sexta-feira, 19 de junho de 2009

Comunidades Eclesiais de Base

Ao citar a Igreja Católica no período da ditadura como agente socio-político, é necessário citar as CEBs - Comunidades Eclesiais de base, que em 1971 surgiram nas periferias dos grandes centros urbanos e nas zonas rurais. Trata-se de mais um projeto patrocinado pela Igreja Católica com o objetivo de promover a alfabetização e a mobilização social.

Nas CEBs era utilizado o método de Paulo Freire que havia sido proibido pelo regime militar.

Essas associações ou comunidades usavam a concepção bíblica da vida para agir na sociedade diante da realidade que se vivia.

As CEBs chegaram ao auge de sua atuação no Brasil entre os anos 70 e 80, ou seja, no período da Ditadura Militar.

O debate dos temas nas reuniões costuma pautar-se pelo método de “ver-julgar-agir”:

[...] O “ver” consiste numa sucessão de observações de cada um dos presentes sobre o

tema em questão [...] “julgar” implica o contraste entre a realidade observada e os

valores do cristianismo, freqüentemente através da questão “como é que Jesus agiria

diante disso?” [...] no “agir” trata-se de concluir sobre aquilo que aquelas pessoas

poderiam fazer diante do problema. (SADER, 1988, p. 159-160).

Dentro do contexto socio-político que se apresentava naquele momento, a grande contribuição das Comunidades Eclesiais de Base se deu no âmbito da organização dos segmentos populares. Essa atuação das CEBs impulsionou a criação de associações de moradores, de clubes de mães, assim como a inserção do movimento operário, onde muitos Assitentes Sociais decidiram atuar, principalmente no momento de reconceituação.

Na luta por uma ativa participação dos camponeses na defesa de seus interesses os católicos ministravam cursos, promoviam encontros entre os camponeses, a fim de discutir questões importantes e levavam reivindicações às forças políticas. Tudo isso visava como fim último, a unificação dos camponeses na defesa dos seus direitos: “Os sindicatos da Igreja não eram, na sua maior parte, “revolucionários”. [...] Na realidade, os sindicatos da Igreja tentavam, na maioria das vezes, forçar a aplicação de leis já existentes.” (BRUNEAU, 1974, p.176). Para este autor a atuação dos católicos era no sentido de cobrar das forças políticas e da justiça à garantia dos direitos já existentes aos trabalhadores rurais.

Os membros da Igreja Católica, engajados nos mais diversos programas que buscavam a promoção social dos indivíduos acabam por entrar em confronto direto com o Estado Militar.

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